Como entrevistar clientes encarcerados
Publicado por Maria Fernanda Correa - 1 dia atrás
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Por Gabriel Bulhões
Nesse momento, já vencida a dificuldade angariar os primeiros clientes, e tendo agora desafios mais delicados ainda, eu espero contribuir para que você não perca uma chance de fidelizar um cliente, ou prejudique a situação dele perante a administração da unidade prisional, ou ainda prejudique sua imagem perante essa mesma administração.
Assim, está você caraacara com o seu cliente, então o que fazer? CALMA. Primeiro, você precisa saber que existe um procedimento para você poder realizar essa entrevista, em que você deve agir de uma forma adequada, para não se prejudicar nem prejudicar seu cliente.
Tenha todas as informações à mão. Logo, esteja com o (s) nome (s) completo do (s) seu (s) cliente (s) que for (em) ser entrevistado (s). Se lembre também que não é legal para você sobrecarregar os agentes de plantão, de forma que você poderá falar com dois, três, ou no máximo quatro clientes por visita (isso tudo à depender de como estiver a rotina carcerária).
Se você tiver vários clientes, você pode sugerir ao agente responsável que ele pode encontrar em quais celas/alas/pavilhões estão seus clientes, para montar uma logística que facilite tal procedimento (por exemplo, tirar todos os cliente de uma ala de uma vez). Para facilitar ainda mais as coisas, você poderá já saber onde eles estão alojados (em qual cela, ala ou pavilhão eles estão).
Quando você estiver com seu cliente, seja objetivo e seguro ao falar, deixando sempre que ele se manifeste a fim de sanar todas as suas dúvidas com relação ao seu caso. Vá preparado. Tenha, se possível, uma análise processual prévia à visita.
Leve sempre consigo alguns elementos básicos, como:
(i) cartão de visitas (devem sempre ser distribuídos, se possível mais de uma para que ele possa entregar a alguém lá dentro no seu convívio);
(ii) procurações em branco (para serem preenchidas pelo seu cliente);
(iii) bloco de anotações (para registrar todas as minúncias que achar pertinente, bem como para pegar o contato da sua família – caso não tenha ainda, é importantíssimo esse ponto).
Saiba que em muitas unidades prisionais você não vai ter um ambiente adequado para conversar reservadamente com seu cliente, de forma que você precisará estar próximo de agentes penitenciários, os quais muitas vezes não tem opção a não ser prestar atenção no que você está fazendo.
Pela proximidade corporal, você pode (e existem sim advogados que se submetem a esse papel, denegrindo toda a classe) passar celulares, drogas e armas para seu cliente. Caso isso aconteça, o responsável é o agente. Então, tome muito cuidado para não dar margem para que o agente pense qualquer coisa nesse sentido. Entregue o (s) seu (s) celular (es) antes de se aproximar do seu cliente.
Procure ficar em uma posição entre o seu cliente e o agente, de forma que não permita que ele escute as palavras do seu cliente ou faça leitura labial (ou dificulte ao máximo isso), mas ao mesmo tempo se preocupe em manter um distanciamento adequado para não permitir dúvidas acerca da sua conduta.
Assim, espero estar contribuindo para que você se prepare para os desafios do cotidiano forense, em especial o prisional, para que tenhas elementos suficientes que não permitam que você se complique em qualquer situação que poderia ser evitada!
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