domingo, 31 de janeiro de 2016

Advogado, antes ser advogado, precisa ser humano

Advogado, antes ser advogado, precisa ser humano

Um desabafo que uma jovem advogada que, por ora, também é julgadora.

Publicado por Neila Amaral - 2 dias atrás
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Ontem presenciei uma cena que muito me envergonhou, sobretudo por ter partido de um advogado.
Além de advogada, exerço o cargo de Conselheira no Conselho Municipal de Tributos e, em um dos julgamentos ocorridos ontem, um advogado que considerei maduro (aparentava já ter vivido uns 40 e poucos anos) me fez lembrar que, acima do exercício de qualquer profissão, está a necessidade de ser "gente" (...)
Após o relator do processo ter lido o seu relatório, o Nobre (?) Advogado suplicou pela realização de sustentação oral, mesmo após ter confessado que "perdeu o prazo" para realizar o requerimento, e que seu "discurso" se justificava apenas para prestar alguns esclarecimentos.
O Presidente da Câmara, com toda a compreensão que lhe cabia, respondeu de forma positiva, tendo o patrono feito as suas considerações, tal como solicitado.
Após, o Relator iniciou a leitura do Voto e, diante da presunção de veracidade dos fatos alegados pela Fazenda Pública no processo administrativo, e à míngua de provas produzidas pelo Recorrente, acabou por negar provimento ao Recurso, mantendo a decisão de 1ª instância, sendo acompanhado por todos os conselheiros presentes.
E foi aí que veio a surpresa.
Aquele nobre (?) causídico levantou-se e proferiu as seguintes palavras: "Mais um caso que eu terei que levar ao Judiciário por uma decisão risível e patética", deixando a sala, em seguida.
Ficamos todos sem reação, sem acreditar naquela reação - parafraseando o próprio Doutor - patética.
Somos todos, lá no Conselho, em sua maioria, profissionais do direito: advogados, Procuradores do Município ou Auditores Fiscais mas, acima de tudo, somos humanos e merecemos respeito, valores que aquele advogado, por ora (assim prefiro acreditar), esqueceu que existem.
Quem, assim como eu, é advogado, sabe que existem dias de ganho, e de perda. Matando um leão por dia a gente aprende a lidar com essa balança.
Parece que, mesmo com alguns anos de profissão, aquele advogado não aprendeu.
Eu e você, colega advogado, sabemos que assim não funciona.
Aquele que está ali no papel de julgador, por mais imparcial que seja, tem dignidade e merece o nosso respeito, mesmo quando não nos dá o gosto do ganho de causa.
Como me disse um ex-chefe - advogado e humano - a quem devo muito do que aprendi: "Precisamos pedir exigindo, sobretudo quando estamos certos do nosso direito, mas sem que isso implique em ofensa e desrespeito", do contrário, somos nós que perdemos.
Isso é apenas um desabafo de quem, ainda que no início da vida, já aprendeu algumas lições.

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